Tanto o aspecto religioso quanto o aspecto cultural
e de lazer são perceptíveis nas danças dos diversos povos e culturas existentes
na atualidade. A exceção acontece dentro do cristianismo evangélico, que
durante muitos anos se absteve da dança como parte do culto ao Sagrado e agora
tem passado por um período onde esta tem sido trazida de volta para o ambiente
do culto, encontrando, porém a resistência de grupos que ainda não se mostram
abertos para este tipo de manifestação. Coimbra (2003, p. 27) descreve a dança
como uma forma de adoração completa, defendendo que a dança na igreja é, então,
uma possibilidade de adoração.
Gláucia Freire em seu livro Dança Profética aponta
que muitas gerações foram privadas de conhecer a dança como expressão de
adoração. Para ela, o medo do profano foi mais forte e impediu muitos de serem
livres para fazer o que seria normal para o ser humano: se expressar (FREIRE,
2005, p. 18).
No culto evangélico atual podemos observar uma
crescente redescoberta da dança como forma de louvor e adoração a Deus. Os
grupos de dança das igrejas evangélicas da atualidade utilizam um tipo de dança
espontânea, que leva a congregação a se mover durante o culto, de forma livre
ou dirigida, quebrando alguns tabus. A apropriação da dança pelos protestantes
na atualidade pode significar uma mudança de padrões e valores, uma vez que a
cultura de um povo reflete seu ethos. Esta mudança de padrões e valores se
refere ao significado do corpo e da dança para esta sociedade.
Os cristãos evangélicos, que durante muitos anos se
abstiveram da dança, e que agora a tem incluído como possibilidade de
expressão, integração, comunicação e como forma de culto, realizam uma dança
livre das bases de técnicas tradicionais, na busca de novas possibilidades de
movimento que permitem ao corpo uma liberdade de criação e de expressão.
A dança tem se tornado, no culto, tão importante
quanto a música para expressar os sentimentos, pensamentos e para representar
cenas bíblicas, atingindo pessoas de
todas as idades e níveis sociais. São
representações cheias de significado, utilizando símbolos formados através dos
próprios movimentos acrescidos de objetos significativos. Vale ressaltar que
este movimento tem atingido os cristãos no sentido de educar, preservar e
transmitir valores culturais através da arte no culto. A perspectiva é que
dentro do cristianismo protestante a dança como forma de
culto se faça presente de forma a ser tão
importante quanto a música. A revalorização do corpo influenciada pela
pós-modernidade, e uma crescente valorização da cultura hebraica por parte dos
protestantes, têm trazido para o ambiente do culto elementos judaicos como por
exemplo o Shofar e a dança. A dança no cristianismo protestante, possui uma
grande liberdade de expressão de movimentos, não se reduz a movimentos pré-estabelecidos,
o que a caracterizaria como uma reza decorada, mas passa a ser uma oração, uma
fala espontânea que exprime sentimentos e intenções ao Sagrado.
A dança para a cultura evangélica contemporânea se
mostra como uma forma de orar e adorar, onde a pessoa que dança se expressa com
a plenitude do ser: espírito, alma e corpo, envolvidos em ato de entrega e
devoção. A dança pode por outro lado, ser usada para o aspecto considerado
pecaminoso, uma vez que é a expressão do ser e exprime sua essência. A dança é,
então, uma forma de expressão do ser humano e para ser aceita como forma de
adoração e oração, a pessoa que a realiza deve ser alguém consagrada ao
Sagrado, se mantendo firme dentro dos padrões de Caráter e santidade do
protestantismo.
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