terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A História da Dança Cristã Parte II ( Novo Testamento)

A Dança no Novo Testamento

      A pequena quantidade de citações bíblicas relacionadas à dança no Novo Testamento mostra que a dança estava presente no referido contexto histórico ainda que pouco mencionada, porém ela se apresenta de forma mais discreta na cultura cristã primitiva do que na cultura dos hebreus. Na parábola do filho pródigo, podemos ver a indicação de festejos com danças no meio do povo hebreu. Já neste período de surgimento dos cristianismos. “E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças” (Lc 15,25). Nas palavras de Jesus aos dois discípulos de João, quando fala por parábolas sobre sua missão como Messias, se afirma: “nós vos tocamos flautas e não dançastes” (Mt 17,17 e Lc 7,32). Na dança da filha de Herodias, seduzindo a Herodes para obter a execução de João Batista, se observa a presença da dança no referido contexto: “dançou a filha de Herodias diante e todos e agradou a Herodes” (Mt 14,6).
    O Novo Testamento parece marcar uma significativa valorização do corpo para os judeus convertidos ao cristianismo. Em Paulo, a pureza ou a santidade cultual é entendida de maneira nova; provém do fato de pertencer a Cristo pela fé e pelo batismo, e não mais pelas leis levíticas como, por exemplo, a da circuncisão, que não mais são exigidas “porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gl 5, 6). Para Paulo, o corpo tem papel
central como o lugar do encontro entre Deus e o homem, entre o homem e o próximo. A crença em um Deus que não é puramente espírito, mas que assume forma humana, em Jesus Cristo, aponta para o fato de que o corpo não é algo indicado ao pecado, portanto passível de valorização, mas é local possível de manifestação do Sagrado, uma vez que foi nele que a Divindade se manifestou. Nos textos citados do Novo Testamento fica claro, então, que, para Cristo e Paulo, o corpo pode ser canal possível de manifestação e comunhão com o Sagrado. Tais conceitos podem ter sido um dos fatores que, somado a outros, gerou uma maior abertura ao tema da dança no meio protestante na contemporaneidade.

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